BERNARDO GUERREIRO
Este artigo é a continuação de PARTE 1.
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Na primeira parte deste artigo vimos o estilo de jogo agressivo, que é provavelmente o mais intuitivo: queremos ganhar, temos que atacar, invocar monstros; utilizar as nossas cartas. No entanto, como expliquei, este tipo de jogo tem muitas desvantagens, especialmente quando utilizado por alguém inexperiente. Vou agora estudar o estilo de jogo conservativo, e alguma das suas vantagens e desvantagens. Como tudo na vida, quando utilizado em excesso pode acabar por ter um efeito negativo. Vejamos.
ESTILO DE JOGO CONSERVATIVO
Este estilo de jogo é característico de jogadores com já alguma experiência. Qualquer bom jogador tem que saber jogar de forma conservativa, ainda que, como veremos, não o deva fazer sempre.
Diria que uma das características determinantes é a forma como os primeiros turnos do jogo são conduzidos. Um jogador com alguma experiência começa os primeiros turnos com muito cuidado. A principal razão para isso é que muito do jogo é uma incógnita neste momento. Não se tem (teoricamente) informação sobre o deck do oponente; tem-se pouca informação sobre o estilo de jogo do oponente; poucas cartas foram reveladas, o que torna "leituras" difíceis. Os primeiros turnos de um jogo são os turnos em que um bom jogador angaria informação que pode utilizar no mid/late-game para criar situações de jogo vantajosas. Se me permitem mais uma analogia com o Poker, para quem percebe: isto é equivalente ao que acontece com as apostas pre-flop e no flop no Poker, que muitas vezes servem para tentar descobrir a força da mão do oponente para tornar futuras decisões mais fáceis.
A título de exemplo, considere-se uma mão inicial de Wind-Up's que contém as seguintes cartas, e em que o jogador vai primeiro: Tour Guide from the Underworld, Wind-Up Factory, Wind-Up Rabbit. Um jogador com pouca experiência iria sem hesitação para a Tour Guide -> Zenmaity -> coisas fixes. Um jogador com experiência tomaria em consideração esta questão: "E se o oponente tem Veiler?". Efectivamente, se o oponente tiver Veiler, ficamos com uma Tour Guide sem efeito, e não tivemos um search de Factory que poderiamos ter tido; a nossa posição de jogo é mais fraca do que seria se se invocasse simplesmente Rabbit + Factory. Assim, a escolha parece fácil para o jogador inexperiente; mas para o jogador experiente a opção de jogar pelo seguro, "conservativamente", está lá sempre. Qual a decisão final vai depender das restantes cartas na mão que tem, e eventualmente de informação que possa ter sobre o deck do oponente.
O estilo de jogo conservativo é necessário. Perder para Torrential Tribute, Mirror Force, Gorz the Emissary of Darkness não é "sorte do oponente"; é culpa de quem caiu nessas cartas, porque, em muitas situações, é possível jogar à volta de todas elas. Não só isso, mas ao ser conservativo, estamos a guardar as nossas power cards ou power plays para quando podem ser mais eficazes. Fazer um Evolzar Laggia quando o oponente tem 1-2 cartas na mão é muito mais devastador do que quando ele tem 5-6, por exemplo. Não é só uma questão de perdermos recursos; é também uma questão de maximizarmos a utilidade dos recursos que temos.
Não quero com isto dizer-vos que têm que jogar sempre conservativo, no entanto. Como verão de seguida, tem as suas desvantagens. O que quero transmitir é que o estilo de jogo conservativo é quase sempre necessário/prudente durante parte do jogo, e que devem ter sempre em mente as cartas que o oponente pode ter que vos podem fazer perder.
AS DESVANTAGENS
Como disse, tudo em excesso traz problemas. Continuando com a analogia com o poker, acontece muitas vezes os jogadores de poker fazerem o que é chamado de "slow playing big hands". Ou seja, em vez de fazerem apostas grandes tentando que o oponente faça fold, tentam ganhar mais dinheiro tentando que seja o oponente a dar o primeiro passo. Ora, o problema disso é que muitas vezes estão a deixar o oponente ver mais cartas (turn e river cards). Nalguns casos, essas cartas podem acabar por fazer a pessoa que inicialmente tinha a melhor mão perder.
No Yu-Gi-Oh! acontece algo semelhante. Ao jogar conservativo demais, e deixar o oponente dar o primeiro passo, tentando criar uma "armadilha" para ele, estamos a deixá-lo ter mais turnos. Cada turno que passa é um turno em que o oponente compra mais uma carta, que pode, em combinação com as cartas que já tinha, mudar o curso do jogo.
Outra desvantagem é que um jogador puramente conservativo é previsível na sua forma de jogar (em poker, chama-se a isto "table image"). Um bom jogador sabe tomar partido de um oponente que é previsível. Por exemplo, já me aconteceu muitas vezes ganhar turnos grátis por saber a forma como o meu oponente joga; porque sei que ele vai tentar jogar à volta de Mirror Force ou Torrential Tribute, ou à volta de Gorz. Assim, ser excessivamente conservativo pode levar o oponente a ter uma leitura correcta do nosso jogo, e isso é uma desvantagem imensa. Nunca queremos que o oponente tenha a capacidade de ditar como nós próprios vamos jogar.
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Na 3ª e última parte do artigo vou explorar o estilo de jogo "ideal", associado aos jogadores com mais sucesso, um estilo de jogo capaz de se adaptar às situações. Decidi transformar em 3 partes para, novamente, não tornar os artigos demasiado longos.
-Arawn
1 comentário:
http://www.youtube.com/watch?v=9LE6-QNv1uo&feature=g-all-c
Vejam tem algumas cenas que realmente têm a ver com o que se está aqui a falar.
;)
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